Artigo de opinião
Uma reflexão sobre in(dependência), aspectos da vida e do cotidiano do brasileiro. O que pensar? o que esperar? o que fazer? o que não fazer? o que falar? o que calar?
Temos direitos conquistados, mas será que desfrutamos deles de fato? E quanto aos deveres de todo cidadão? Todos fazem sua parte, ou estamos condicionados ao outro? ou seja, se o outro fizer eu faço. Ou ainda, esperamos que as ordens sejam dadas, já que desconhecemos nossos direitos e deveres? Sendo assim, o que vier, eu aceito sem questionar. Vamos pensar?
Eu sou brasileira, casada, tenho dois filhos comigo e um anjo no céu. Sou formada em Letras – Literatura e Língua Portuguesa e inglês como segundo idioma. Fui professora de inglês em cursos especializados por 10 anos e há cerca de 15 anos, deixei a sala de aula e então iniciei uma trajetória na comunicação radiofônica e escrita. Atualmente sou comunicadora em alimentação, saúde, nutrição, alergias alimentares e inclusão sócio alimentar no Livre Alimentar – Comunicação Especializada e acadêmica de nutrição.
Falar ou escrever sobre política não é meu forte, porém, sou cidadã brasileira e há alguns anos, quando comecei me dedicar a causa das pessoas com alergia alimentar, pois tenho um filho que é Alérgico a Proteína do Leite de Vaca – (APLV) e uma filha alérgica a camarão, compreendi que não avançaríamos em inclusão, sem políticas públicas. Portanto, ouso dizer que é um mal necessário. Porém, se falamos de algo necessário e que em tese, seria para beneficiar uma nação, por que há tantos partidarismos, fanatismos e radicalismos? É tão difícil pensar mais no coletivo e menos no individualismo?
É, eu sei, que devo soar um tanto utópica, retrógrada, seja lá o que quiser rotular. No entanto, mesmo não sendo uma analista política, como vivo nesse país, assim como todos que aqui vivem, sou sujeita as suas leis e afetada por cada decisão, aprovação e reprovação lá do Planalto Central. Ouso dizer, que os adolescentes, incluindo meus filhos nesse grupo, serão ainda mais impactados em um futuro próximo do que nós 40 +. Por isso, luto por políticas públicas inclusivas tanto no papel quanto na prática e ouso me manifestar nessa data comemorativa, que de fato, não sei se temos o que comemorar. Afinal, De Cabral ao Planalto Central, o que mudou? Você pode dizer que muita coisa mudou e eu concordo, porém qual o saldo positivo e negativo dessas mudanças? Quais impactos trouxeram e quais ainda trarão?
Tenho acompanhado votações sobre temas tão relevantes, ao mesmo tempo, que tenho acompanhado e também me distraído com “Pão e circo”, afinal a vida já tá tão difícil né, que uma distração aqui e acolá não faz mal. Já que não voto nessas decisões e não posso fazer nada pra mudar, deixa eles se entenderem pra lá. Não vou entrar nessa briga! E nisso, nos esquecemos que somos diretamente afetados por essas brigas e mais ainda pelo resultado delas.
Sabe aquela vaga na creche que você luta anualmente pro seu filho no começo do ano? Sabe aquele leite especial pro seu filho alérgico que você depende da entrega pelo poder público? Sabe aquela consulta com especialista que você aguarda há tanto tempo ou ainda aquela cirurgia, etc? Tudo isso é política! E pelo que tenho conversado com quem entende do assunto, a reforma tributária proposta e em análise atualmente, diminui repasses de verbas para os estados e municípios, assim como a autonomia deles, consequentemente, seremos mais afetados ainda, pois não teremos de quem cobrar a vaga na creche, o leite especial ou a consulta especializada. Afinal, como vou chegar ao Planalto Central? Quem vai me ouvir? Se é que terei voz!
O título dado a esse texto teve inspiração em uma peça de teatro de autoria, produção e direção de Vanderlei Munhoz, que tem por tema: De Cabral ao Planalto Central – Uma grande comédia.
Será que é comédia ou tragédia? O que será? O que realmente temos para comemorar em 7 de setembro? Será que temos? Deixo ainda um pequeno trecho de uma canção de Oswaldo Montenegro para reflexão.
“Se alguém disser pra você não dançar
E que nessa festa você tá de fora
Que você volte pro rebanho
Não acredite, grite, sem demora…”
Aqui deixo meu grito escrito na esperança que ecoe em cada coração de quem realmente se propor a ler com intenção e atenção, despido de todo e qualquer preconceito ou julgamento.
Leda Alves